Toda Surdez Será Castigada

A grandíssima Nação Zumbi parafraseou o nome da clássica peça teatral de Nelson Rodrigues “Toda Nudez Será Castigada”.
O título trocou de nome e virou a canção que dá título a esse post.
Essa música está no álbum Fome de Tudo e tem participação do fantástico Junio Barreto.

Mas não é sobre a música que penso em falar, e sim sobre o nome dela.

Eu pensava que só havia aquela surdez onde o indivíduo deixava de ouvir.
Mas estava redondamente enganado.
Ultimamente tenho percebido que há mais de uma forma de surdez.

Há aquela em que o indivíduo só ouve o que quer.
O que ele não quer ouvir não interessa.
É a famosa surdez seletiva, onde só ouve o que convêm.

Tem aquela também que é a surdez da ignorância.
Onde a pessoa deturpa tudo que você disse e transforma da maneira com que ela acha que deve ser.
É a surdez deturpadora, onde só ouve da maneira que quer.

Outra forma é a surdez cega.
Onde os fatos estão expostos sobre a mesa, mas a pessoa insiste em achar que o que ela pensa está certo.
Assim não importa o que reserva o futuro.  O que importa é o falso presente.

Não importa qual o tipo, qual a graça.
Todas elas serão castigadas, de uma forma ou outra.
Qual o motivo de dois ouvidos se quem ouve mesmo é o processo interno do indivíduo?

Incluo-me nas formas de surdez citadas acima.
Ouvi o que não estava ouvindo.
Ouvi o que eu só queria ouvir.
Me achei o dono da verdade.
Foda-se.

O que foi. Se sincero, há de ser.
Sempre.

O que não foi, passa.
Não que nem uva.
Porque a uva é doce e não amarga.

De presente: