Nervosa

– Oi, dá uma licencinha, por favor?
– Você quer alguma coisa?
– To procurando um copo limpo.
– Tá em cima da mesa, você acabou de passar por lá.
– Putz, nem vi.
– Ah tá. Você poderia ter uma desculpa melhor pra puxar conversa comigo.
– Anh?
– É. Essa desculpinha não colou.
– Assim, eu realmente estava procurando um copo…
– Duvido.
– E outra, eu nem arriscaria a vir aqui falar com você.
– Pq?
– Depois do festival de foras que você deu nos caras daqui. É uma patada atrás da outra.
– Não tem ninguém interessante aqui.
– Então, eu vim aqui pra me divertir… pq você não tenta fazer o mesmo.
– É que eu não conheço ninguém aqui, vim com uma amiga… e ela sumiu.
– A gente sabe onde sua amiga está, com quem está e o que está fazendo. E isso não deveria te deixar nervosa.
– Olha como você fala dela!
– As pessoas fazem o que querem. Eu por exemplo quero tomar caipirinha, você sabe fazer?
– Não! E outra, não sou sua empregada.
– Eu achei que pelo nível de intimidade da conversa já éramos brothers, mas…
– Você é muito pretencioso.
– Na verdade eu sou irônico, mas pretencioso é bom também.
– Você parecia divertido.
– Como assim? Você não me conhece.
– Eu tava reparando você ali do lado da churrasqueira conversando com o pessoal.
– Ah é? Você tava me paquerando?
– Não! Você é louco garoto?
– Garoto? Na atual situação vou levar como um elogio.
– Cara, você é chato que nem seus amigos.
– Não é assim também. Tá, a parte que eu sou chato eu concordo. Mas o pessoalzinho ali é gente fina.
– Vocês são sempre todos iguais… o mesmo papo, a mesma intenção.
– Eu gosto do seu sotaque.
– Olha lá, já veio me elogiar. Começou o papinho.
– Muita calma que ainda não comecei a distribuir os confetes.
– Aposto que sua próxima pergunta será qual meu nome e depois o que eu faço… e depois..
– Bom, seu nome eu já sei pq já me informei. O que vc faz eu não sei exatamente, mas sei que está desempregada…
– Como você sabe disso?
– Eu tava ouvindo você falar com..
– Nossa, que mal educado, fica ouvindo a conversa dos outros.
– Os caras estavam certos, você dá patada como ninguém.
– Ah é? E pq você ainda continua conversando comigo?
– Porque eu to me divertindo.
– Com o que?
– Em te deixar nervosa.
– Pára com isso!
– Mas é bacana, ver alguém tão na defensiva. No fundo você deve ser uma pessoa legal.
– Não tenta me agradar, eu não vou ficar com você.
– Mas eu não quero.
– Ok, só pra deixarmos isso bem claro.
– Quer dizer, você é uma pessoa atraente e tals, se pá a mais bonita daqui… mas…
– Mas o que?
– A noite passada eu tomei uma saraivada de botas, não to afim de levar outra.
– Tá vendo? Vocês acham que fazem sucesso com a mulherada e levam bota.
– Na verdade a bota foi de uma pessoa só… é que eu sou insistente, sabe?
– Tipo chato?
– Não… chato é quem puxa pelo braço, pega pelo cabelo, inventa mentira. Eu só queria ficar com ela quietinho. Numa boa.
– E porque ela não quis?
– Sei lá. Eu acho que ela até quer. Mas não rolou. Ela deve ter os motivos dela.
– E você vai tentar de novo?
– É capaz. Ela é uma pessoa encantadora. Mas se não rolar, bacana também. O que vale é o que foi… mesmo que não seja do jeito que a gente imaginava que deveria ter sido.
– Eu não gosto de perder, de não conseguir o que eu quero.
– Eu gosto de jogar. No fundo ninguém ganha nada, ninguém perde nada a não ser o que sentiu.
– Nunca parei pra pensar nisso.
– Deve ser pq vc sempre escolheu né?
– Pq? Você sempre foi o escolhido?
– Não, eu escolho quem eu quero… que me escolha.
– AHAHAHAHAH
– É mais ou menos por ai.
– Você me fez rir, eu sabia que você era um cara divertido.
– Eu não vou ficar com você.
– O que é isso? Vingança? Rsrs
– É, precisamos deixar as coisas mais claras por aqui. AHAHAHAH
– É verdade, então o lance do copo foi pensado né?
– Isso deveria te incomodar menos, não?
– Sim… é que eu to tão descrente dos homens ultimamente.
– Não vem com esse papo. Até agora tá tudo bem. Relax. Vamos tomar uma.
– Eu não bebo.
– Sério? Eu não tava bebendo até… essa semana.
– E pq voltou?
– Acho que pq senti vontade… é simplório falar assim, mas eu senti vontade. E vc? Pq não bebe?
– Nunca gostei muito e agora to correndo todos os dias.
– Uma atleta… que coisa linda.
– Eu gosto de me cuidar.
– Eu gosto da esbórnia.
– Gosta do que?
– Esquece… quer uma soda?
– Não tomo refrigerante.
– Só água?
– E café.
– Eu adoro café.
– Nossa, eu daria a vida por um bom café.
– Não precisa tanto, quer um agora?
– Como assim? É meia noite de domingo!
– Conheço um lugar bem legal e é 24 horas.
– A gente volta rapidinho?
– É só não estender o papo.
– Será que a gente consegue?
– Não to preocupado com isso não.
– Ok, vamos… é longe?
– Precisa ir de carro.
– Vamos no meu ou no seu?
– Se você gosta de fortes emoções o meu carro está sem freio…

Frouxo

Confesso que fiquei de longe te olhando.
Não tinha como.
Na verdade eu nem queria ter ido naquele show.
O único propósito que fez com que eu fosse foi você.
Mesmo sem saber que ia te conhecer.

Confesso que fiquei te espiando.
Esqueci que tinha um palco lá na frente.
Esqueci que tinha fumaça no ar.
Esqueci que haviam pessoas dançando em nossa volta.
Esqueci que tinha bebida no chão que deixava tudo escorregadio.

Confesso que fiquei te admirando.
No todo, só existia você.
Você e o seu vestido florido.
Com as mãos erguidas, dançando de olhos fechados.
Percebi uma gota de suor descendo no rosto.

Confesso que fiquei te desejando.
Olhando sua boca, entreaberta.
Pensando no gosto do seu beijo.
Imaginando o sabor da sua pele. Salgada ou doce?
No tom calmo que deveria ser sua voz.

Confesso que fiquei me apaixonando.
Suas mãos me pareciam tão macias.
O jeito que você mexia com as pernas.
Os pés, dentro daquelas lindas sandálias.
Que combinavam perfeitamente com a flor que estava em seus cabelos.

Confesso que fiquei amortizado.
Percebi que você olhava pra mim.
Quando você deu aquele sorriso de canto de boca.
E saiu em direção ao bar sem olhar pra trás.
Deixando aquele rastro de luz e sensações.

Confesso que fiquei estarrecido.
Meus pés colaram no chão.
Não consegui me mover em sua direção.
Tive pavor do que poderia vir pela frente.
Não sabia como te contar tudo aquilo que eu estava sentindo.

Confesso que fui covarde.
E nossa história de bem querer não passou de um sonho vespertino.
Fingi que atendia o celular e fui embora no meio do espetáculo.
Talvez você tenha me procurado, talvez não.
Só saiba que você é a mulher perfeita.

Do meu dia de ontem.

Siba – Bravura e Brilho

 

“As naves são banidas dos céus
Cabeças de dragão vão rolar
Os lobos vem lamber os seus pés
Ciclopes já não podem enxergar.”

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Maus lençois

– Como não?
– Claro que não!
– Mas você não me empurrou.
– É que você não deu alternativa.
– Ah tá, vem com conversinha não… você queria.
– Não queria!
– Se não queria porque foi  um beijo demorado?
– Não sei, mas eu não queria… desse jeito.
– “Queriiiia” você já tá falando no passado. Agora quer.
– Você ficava com a minha melhor amiga, poxa.
– Não encana…
– Como não? Ela vai ficar chateada comigo.
– Eu converso com ela.
– Não, não… eu converso. É minha amiga.
– Eu vou junto.
– O que ela vai pensar de mim? Na primeira vez que ela viaja eu fico…
– Eu te agarrei. Foi isso. Eu te agarrei. Fim da história.
– Seria o fim da história se a gente não tivesse acordado junto né?
– Yep, e agora que a gente acordou vamos tomar um café. Eu preparo.
– Não, fica aqui.
– Linda, não encana. Eu converso com ela. Foi natural.
– Natural nada…
– Eu sempre fui afim de você… E outra, faz muito tempo que eu não fico com ela.
– Mas ela ficou bastante tempo encanada em você.
– E eu com ela. Mas foi passado.
– Você não faz nada certo, pq não chegou em mim primeiro?
– Não sei, talvez pq você fez muito doce.
– Eu tava encanada, não conhecia ninguém naquela casa.
– Festa de gente de agência é assim mesmo… o pessoal é estranho.
–  Vocês são uns doidos.
– Eu não tava bebendo. E nem tinha fumado.
– Duvido.
– Inclusive eu lembro qdo você entrou… calça jeans, blusinha apertada, salto…
– Pára…
– Eu te encarei.
– Mas eu fiquei no meu cantinho, a noite toda.
– Ó… você escondida. Qdo tocou Strokes ela veio dançar no meio da sala. Foi isso, por isso eu fiquei com ela.
– Você ficou duas semanas com ela.
– Ela é uma pessoa muito bacana.
– É a minha melhor amiga.
– Mas eu não estou mais junto com ela.
– E dormimos no quarto dela!
– Que é seu também, afinal vc`s dividem…
– Acho melhor você ir embora.
– Eu sempre quis você.
– Veste sua calça, tó sua camisa… vai embora, por favor.
– Poxa, não faz assim. Não tenho o direito de errar?
– Você não tem direito de fazer “EU”errar.
– Mas a gente não é um erro, ontem foi maravilhoso, não foi?
– Foi… não foi… não sei… que raiva!
– A gente tava dormindo abraçado até agora, muito carinho…
– Você me enganou, planejou tudo… era isso que você queria.
– Juro que não, só te chamei pra sair porque queria te ver. Tanto é que nós fomos com galera.
– Eu deveria ter desconfiado. Desde o começo você não saía do meu lado.
– Não saía pq eu queria você, isso eu não nego.
– Mas pq eu? Pq fez isso comigo? Com a gente? Com a minha amiga?
– Não faz assim, você está distorcendo tudo. Só segui o que quero.
– Cara… na boa me deixa sozinha.
– É pecado me apaixonar por você?
– Você fez errado… muito errado.
– Vou ficar aqui contigo.
– Não faz isso, não força as coisas.
– Me comprometo a conversar com ela, foi natural, eu sei que você é afim da gente.
– É lógico que eu sou afim, caso contrário não teria passado a noite com você.
– Vamos ficar na boa, vou preparar um café pra gente, ficamos juntos…
– Deixa eu ficar quietinha um pouco? Sozinha… 
– As pessoas são adultas. Deixa espaço pra nossa história, sem pensar nos outros por agora.
– Talvez, outro dia…
– Ninguém está errado, ninguém está certo. As pessoas se apaixonam, foi só isso que aconteceu.
– Tá… deixa eu pensar com calma o que vou fazer?
– Blz… vou nessa.
– Deixa aquele CD que você colocou pra tocar ontem a noite? Queria ouvir de novo.
– Só se você me der um beijo…

Um recado, pra quando for conveniente

Pimenta Alinguiçada

– Vai sair carne nessa bagaça ou não vai?
– Vixeeee, não acredito! Olha só quem apareceu!
– AHAHAHAHAH. E ae maluco! Nem vem que não faz tanto tempo assim.
– Faz mais de um ano fiote. Mais de UM ANO!
– Um ano não! Quer ver… a ultima vez que eu te vi foi quando, quando.. quando…
– Tá vendo, nem você lembra. Foi quando eu troquei de carro, passei na sua casa pra te mostrar.
– Ah é, você tava paquito de carrinho novo.
– É mano, já quitei esse. Quero trocar.
– Ô loco mano, mas já? Tá fazendo o que da vida? Vendendo tóxico?
– AHAHAH. Pára cara. Economizei, coisa que você nunca fez na vida.
– Desculpa ae malandrão.
– Sempre te falei, quem trabalha muito não tem tempo de ganhar dinheiro.
– Eu tô ligado, um dia eu aprendo.
– Ah, foda-se, pelo menos você tá aqui com a gente.
– É bixo, encontrei os caras lá na porta, mas cadê o Pedrão?
– Ih mano, ele tá tretado com a mulher, parece que vão se separar.
– Porra, não brinca não bixo. A filhinha deles não completou um ano ainda.
– Então… complicado. Eu não sei de nada, quem sabe o que tá rolando é minha mina.
– A Larissa né? Você voltou com ela cara. Da hora.
– É então, não adianta correr. Eu gosto dela, ela de mim.
– Encontrei com ela ali na porta, gente finíssima.
– Ela é. Mas falando em voltar, porque você não volta com a…
– Ihhh, nem inventa mano. Tô bem assim.
– Tá nada que eu tô ligado.
– Ah, tem uns rolinhos aí né.
– Rolinho não ganha vida, você tá ficando véio.
– Malandro, quem tá véio é você, eu tô na boa. Quando aparecer apareceu.
– Ah sei, nem um revival esses últimos tempos?
– AHAHAHAHAH! O passarinho te contou? Nada a declarar.
– Você sabe o passarinho que me contou. É bem a sua cara mesmo.
– Mas e ae bixo, vai sair carne ou não vai?!
– Tá apressado, tem linguiça apimentada. Aquela pra cantar no banheiro depois.
– AHAHAHAHAH. Pó cortá aí, a gente larga um limão em cima e manda brasa.
– Pega o prato aí então.
– Tá aqui. Então, deixa eu te perguntar uma parada?
– Já sei até o que você perguntar.
– Ah, quer dizer que nesse meio tempo você virou a Mãe Diná?
– AHAHAHAHAHAH. Ô tonto, você não me engana. Quando olha com essa cara é mulher.
– Nossa, juro que não era. Mas como você tocou no assunto… AHAHAHAHAHAH
– Lá vem, quem é?
– Então… jeitosa aquela morena ali enh.
– Você não mudou nada meeeesmo.
– AHAHAHAHAHAHA. Analisando o perímetro né? Namora? Enrolada? Solteira?
– Ah, ela sempre cola nas nossas festas com um cara aí, metido a folgado. Mas nas duas ultimas vezes ela veio sozinha, acho que terminou.
– Mas você nem tem amizade com ela?
– Ah cara, eu nem converso muito com ela porque você sabe que a Larissa é ciumenta, mas ela é gente fina.
– Já tá dominado de novo! AHAHAHAHAH
– Quem não é dominado quando namora?
– Eu não era!
– Você e sua ex eram um caso à parte, você sabe disso.
– Muda de assunto… Foco cara, foco, me fala da morena!
– Tô ligado que ela gosta de um “doce” e curte “drum bass”, na ultima vez que a gente viajou ela foi junto, precisava ver ela que gata, pirando no sítio que a gente foi, dançando sozinha no gramadão.
– E você não me chama pra uma dessas?
– Mano, eu nem sabia se você tava vivo! AHAHHAHAHA
– Mas agora eu tô! Que nem diz aquela musica do Eddie: “Pode me chamar que eu vou!
– Vamos ver até quando.
– Ela estuda?
– Faz facul, acho que é psicologia, uma parada assim.
– To ligado, mas ela trampa com isso?
– Não, ela trampa numa empresa, na área de marketing.
– É, tudo a ver.
– Ah cara, a mina é bonita, dá um trampo e estuda. Quer mais o que, vai casar com ela já?
– Olha… se ela quisesse… AHAHAHAHAHAHAHA
– Você casando vai ser hilário, mas na boa essa mina é gente fina, inteligente, troca mó idéia, cola lá que você vai curtir.
– Vamos ver… Cara, linguiça apimentada da porra! Dá alguma coisa pra beber aí!
– O que você quer?
– Vodka e suco de laranja!
– Não tem mano, só cerveja e caipirinha.
– Como você deixa faltar minha bebida preferida?
– Ah, e eu tenho bola de cristal pra saber que você vinha?
– Vou lá no mercado comprar.
– Pára de frescura!
– Eu vou lá, sem grilo. Mas me dá uma breja ai por enquanto que o negócio tá queimando de ardido!
– Bichinhaaa. Você já foi mais homem. AHAHAHAHAHAHA
– Vai se fudê.
– Mais linguiça?
– Só se for pra enfiar no seu rabo. AHAHAHAHAHHAA
– AHAHAHAHAHAHAHAHA
– Cara, vou no banheiro, vê aí se precisa comprar alguma coisa no mercado, aí já compro tudo de uma vez.
– Beleza.

….

– Cara, tô indo lá, precisa trazer mais alguma coisa?
– Acho que não, tá sussa, tem carvão. Se puder comprar mais um pacote de gelo ajuda.
– Podexá, vou pedir pro Marcão pra ir comigo.
– Então cara, não pede não.
– Pq?!
– Porque eu fiquei sabendo de alguém que precisa ir comprar cigarro.
– Me fala a marca que eu compro.
– Não animal, ALGUÉM que precisa ir com você, sacou?
– Quem?
– Quem você acha?
– A morena?
– É. Vaza!
– Então tirei a sorte grande hoje? Há!
Agradece o papai aqui.
– Vou te trazer uma breja importada, daquelas frescurenta que você curte!
– Demorô pra sair. Ela tá te esperando lá no portão.
– O que você falou pra ela?
– Vai embora logo seu filho da puta! AHAHAHAHAHA
– Tou indo!  Mas só mais uma coisinha… Tem algum cd desse tal de “drum bass” aí?

Eu sou o cara

Eu sou o cara – Lurdez da Luz

Sou um cara raro
Sempre calmo, mas não paro
Nunca durmo, não apavoro
Que sabe dizer “Te adoro”
Que sabe dizer “ Te amo”
Se for o caso, mas não minto
Faço bom uso do pinto
Mas posso só dar carinho
Admiro o teu caminho
Ajudo no que der
Sou educado, amo arte
Oriundo da ralé …
Pois é, eu falo e ouço na mesma proporção
R E S P E I T O é meu refrão

Sou um cara raro
Cuido de tudo que me é caro
Meus discos, meus amigos, meu time, mais minha mulher.
Tem muito mais valor, tanto quanto minha fé
Me deito aos pés de uma rainha analfabeta
Nunca entro em treta
Ando sempre em linha reta
As curvas são da estrada
O que eu faço é acompanhar
Vou na frente com a espada
Não deixo a linha emaranhar
Choro o mar, encho a cara
Só que isso é coisa rara
Sempre sara
Peço colo pra Iáiá
Nada como comer
Nada como cozinhar
Uso salsinha, majerona, coentro e alecrim
Se eu começo uma coisa, eu vou sempre até o fim

Vem pra mim, que eu sou o cara
Que te ofertará com mel, camafeu, pena de arara
Te acompanha na calçada,
Pela mata fechada,
Sem viver de aparência,
Sem viver de fachada

Vem pra mim, que eu sou tão raro
Mesmo com o alvo bem longe
Uma flecha eu disparo
Quase nunca é em vão
Mas se for, paciência
Só não quero ninguém botando a mão na minha essência

Eu sou o cara…

Sim, é meia – noite, a lua é cheia
Eu já vou deixar minha aldeia
Vou cruzar uma montanha
Sangue nobre na minha veia
Na algibeira levo pó, levo pedra
E vou só
Meu barrado se arrasta, minhas tranças tão em nó
Três caminhos a minha frente
E uma cinza ainda tá quente
Desse lado é mais escuro
No outro só vejo os dentes dele
Não vejo pele, só ouço a voz “ tó…”
Seu punhal é de cobre
Seu escudo é de zinco
A lança é feita de bronze
Vá antes que se atrase
Então sigo viagem, por uma estreita margem
Quase tudo é pantanoso
Todo fruto é venenoso
Daqui já avisto tendas onde matarei minha sede, minha fome

E contigo deitarei em uma rede
Só não sei se é nessa vida…

MURAKAMI

“Não importa o que desejam, não faz diferença o que conseguem, as pessoas não podem ser outra coisa senão elas mesmas. E é tudo.” Haruki Murakami

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Próximos passos

Cautela,

Para não cometer os mesmos erros do passado.

Paciência,

Para entender que nem sempre as coisas não estão sob meu controle.

Humildade,

Para trocar, aprender o que se deve e transmitir o que se sabe.

Trabalho,

Para justificar o ordenado do meu ofício.

Tempo,

Para passar lentamente e rapidamente, dependendo do momento.

Perseverança,

Para nunca desistir no meio de uma batalha.

Consciência,

Para continuar sempre límpida como a de hoje.

Discernimento,

Para definir as brigas em que se deve entrar.

Planejamento,

Para prever os próximos passos.

Sonho,

Para realizar.

Amor,

Para “eu  e você”.

LEMA

“Nóis quer mulher sim, quer um dim também
Quer vê tudo os neguinho lá, vivendo bem
Só que aí: Pra mim a luta vai além
Quem pensar pequenininho “tio”, vai morrer sem.”

Triunfo – Emicida