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O ano é novo e a vida é foda.

janeiro 13, 2010 2 comentários

O início

Confesso.
Não queria viajar esse final de ano.
O que eu queria eu não sei…

Paranaguá foi nossa primeira parada.
Um lugar quente e úmido.
Onde eu conheci o melhor bar da minha vida, a beira do porto.
Cerveja trincando de gelada (ainda tomo sem álcool), porções generosas e o mais importante, lá só tocava Rock’n roll de fundo. Uma metralhadora de Led Zeppelins, Pearl Jams, recheados com Rauls Seixas e toques de Ira. Perfeito para uma tarde.

Caminho até Paranaguá

Caminho até Paranaguá

Ilha do Mel, nosso segundo destino.
Vimos até então a praia mais linda da viagem.
E andamos, andamos, andamos…
Me lembrou um passado inóspito do qual não quero comentar no momento.
Mas lá é um lugar realmente bonito, onde preciso ir com mais calma.

Kenny, indo para Encantadas na Ilha do Mel

Kenny, indo para Encantadas na Ilha do Mel

Itapóa chegou rápido, dirigimos por 4 horas até lá.
Foi a pousada mais linda que fiquei na minha vida.
As pessoas (donas da pousada) eram igualmente encantadoras.
Um lugar onde nos divertimos muito.
Voltaremos lá, em breve.

Pousada Vila Cambiju – Foto do site

Pousada Vila Cambiju – Foto do site

O meio

Cinco horas dirigindo, até chegar a Floripa.
Mais precisamente no sul da Ilha.
Lá foi uma sucessão de momentos bons.
Primeiro o albergue, lotado de gringos.
O local que era lindo.
Praias, cachoeira, caminhadas…
O clima que era sensacional.
Enfim, foi aqui que eu percebi o quanto foi importante viajar.
O quanto eu precisava desse momento só meu.
Aonde eu conheci mais de uma dezena de pessoas do bem.

Albergue da Bibi

Albergue da Bibi

A virada

Foi o momento mais sublime.
Passei sozinho, na praia.
Longe de onde o pessoal estava comemorando.
Minto, não passei sozinho.
Passei junto ao meu irmão.
Chorei, chorei e orei.
Percebi o quanto é bom estar aqui, cercado de gente legal.
Foi o momento mais importante dos meus últimos anos vividos.

“Quem não vai torcer pro coração bater?
Dá-lhe viver, dá-lhe viver.” Nascedouro – Nação Zumbi

A ceia

Por volta da uma da manhã voltei ao albergue.
Não cumprimentei ninguém e me sentei à mesa para ceia.
Fiquei de cabeça baixa…
Estava triste, não havia conseguido falar com os meus amigos distantes, não havia conseguido falar com mamãe, não havia conseguido falar com ela.
De repente olho a minha volta.
Dois uruguaios, duas chinelas, dois suecos, um espanhol, duas alemãs, um argentino e só eu (naquela mesa) de brasileiro.
Nunca imaginei isso na minha vida.
Todos ali, com um sorriso no rosto.
E nos comunicávamos em uma língua que era uma mescla de inglês, espanhol e português.
Mas a comunicação estranhamente fluía.
Parecia uma língua só.

Foi a certeza que tive que não importa o lugar.
O que nos move são as pessoas, sempre.
Que as experiências servem para serem compartilhadas.

Como pude ficar preso tanto tempo a um enorme egoísmo alheio?
Como pude ser um escravo de um outrem que não merecia?
Como pude perder momento assim enclausurado em algo que só me fazia mal?

Já foi tarde.
Muito tarde, diga-se de passagem.

O mundo é um grande albergue (faltou gente que já tinha ido embora)

O mundo é um grande albergue (faltou gente que já tinha ido embora)

Ela

Ela estava a quase 1.000km de distancia.
Mas foi a pessoa mais importante da minha viagem.
A comunicação era freqüente.
Era um momento de paz, onde estávamos em um lugar onde só nós dois sabíamos.
Narrava fatos, desejava coisas, ouvia, lia…
Muitos foram os momentos que eu queria que ela estivesse comigo.
Muitos foram os momentos que eu queria que a brisa também estivesse batendo em seus cabelos.
Não podemos ter tudo na vida, não agora.
Seria demais, mais do que eu mereceria.
Deus já é muito generoso comigo.
Um dia vou levá-la e espero que seja tão bom quanto.
Porque, ela merece.

O fim

Era 5h45 mais ou menos.
Já tínhamos passado por Curitiba, fazia 15 minutos que eu havia deixado o volante.
Tinha dirigido por horas, estava cansado.
Estávamos a uns 110km/h.
Tocava Los Hermanos de fundo.

Foi lento, lembro de cada detalhe.
Lembro do rosto de desesperos dos meus amigos.
Só queria viver, pedia a Deus para viver.
Sabe aquele filminho da vida que falam que passa pela cabeça?
Então, passou.
Durante o capotamento passou.
Quando dei por mim já estava saindo pela porta, com o carro de pneus pro ar.
Foi Deus, ali foi Deus.
Não sofremos nenhum arranhão.
Ali vi que o fim havia chegado.
E que já era a hora de um NOVO COMEÇO.

Ultima foto.

Ultima foto.

Musicas da Viagem

Hey, Amigo – Cachorro Grande

Feel Good Inc – Gorillaz

Tomorrow Never Knows – Nação Zumbi

O namorado da viúva – Jorge Ben Jor

Bulls on Parade- Rage Against the Machine